domingo, 3 de janeiro de 2010

A Amanda...


as gotas do chuveiro escorregam pelo meu corpo, a agua a escaldar deixa atrás de si linhas de calor que penetram a minha pele deixando-me inebriada de inercia... tenho o cérebro adormecido e cansado... a fúria de nada querer e nada ter já nem parece atingir o cume dos meus pensamentos... mais uma vez as coisas não correm bem... ele continua... se me odeia tanto porque não me ignora? porque insiste nesta onda de ataques ao meu mundo? não sei... os meus pensamentos turvos não se podem focar neste ponto... mas sinto-me saturada.. procuro a paz e o equilíbrio sem perder o toque do devaneio saudável... o cheiro do gel de banho relembra-me que ainda aqui estou escondida do mundo tentando lavar os episódios desta novela que nunca deveriam ter sido escritos... porque sou tão carente? a necessidade de protecção e amparo deixa-me assim entregue ás mãos de quem não sabe fazer mais nada que atacar e atacar... 
  serei o ser diabólico da confusão? que sem conseguir encontrar o seu rumo vai dando pontapés com os pés descalços em pedras pontiagudas? que fazer? esboçar um sorriso aberto montado na aparência segura e hirta de quem nada teme e tudo esquece? ignorar a sensação de medo e insegurança? ou simplesmente render e deixar cair a armadura? tento falar com ele? não... não me vai ouvir...resisto? faço frente de cabeça erguida e orgulho na boca?
continuo aqui sentada com a agua a regar esta corpo curvado sobre si tentando reter a minha sanidade.. estas malditas questões matutam uma e outra vez na ténue teia de pensamentos que se mantém de pé... a pele das mãos já esta enrugada como a de uma avó.. o vapor aconchegou-se num nevoeiro subtil em meu redor... estou protegida aqui nas brumas que cercam o meu castelo... tenho que tomar uma decisão... hoje não... vou aninhar nos lençóis e esconder a cabeça na almofada... desligar a ficha que me liga ao mundo dos outros... amanha tudo parecerá mais racional com o brilho do sol....

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