quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pequeno rasgo de mim...


estou a fixar a rua onde cresci...onde tive as minhas alegrias de infância, os encontros com os amigos, o campo de futebol onde tantas vezes fui a heroína da baliza da equipa do meu bairro. sinto saudades... a rua estava sempre repleta de miúdos.. fosse inverno ou verão, divertia-mo-nos sem maldade. nesta rua existiam poucas meninas da minha idade, passava os finais de tarde a jogar futebol com os rapazes, andar de bicicleta... na rua eu era um deles! sabia o que as outras raparigas não sabiam, quando saiamos passava por um deles, envergava roupas largas e cortava o cabelo curto.. andava no karaté, e tinha a mania que era má.. bem... todos achavam que eu era... em casa... oh em casa.. era uma menina como as outras, tinha as minhas barbies que as minhas tias mandavam de Macau.. sentia orgulho nelas! tinha sempre primeiro as novidades todas das bonecas antes de saírem em Portugal. brincava horas a fio... com o nascimento do meu irmão, a minha vida pareceu mudar para melhor! adorei-o desde a primeira vez que o vi.. pequenino, tão desprotegido.. nesse dia decidi que faria tudo por ele, e FAÇO! com ele partilhei tudo da minha vida durante o nosso crescimento, nunca lhe escondi nada, sempre esteve comigo para o bem e para o mal.. desde cedo amadureceu duma maneira extraordinária... é o meu tudo... hoje estou um pouco nostálgica...sem saber muito bem o porque desta conversa enfadonha.. a vida anda estranha, resolveu dançar um tango e esqueceu-se que eu já não me lembrava dos passos.. as energias negativas que trazia revolvidas dentro de mim resolveram sair em a intensidade dum vulcão em erupção..andei perdida debaixo da geada que aqui se faz sentir e a perguntar-me que sentido tem a puta da minha vida... não sabia... aliás perdi a bússola faz alguns tempos. corri as ruas desta cidade que me viu crescer... cair, levantar, cair, levantar, cair, levantar... e caí...queria desistir... encontrei uma pessoa da minha caixa de recordações no meu passeio... desabei.. queixei-me, queixei-me e queixei-me... recebi um sorriso do outro lado e uma pergunta... só por isso? parei! racionalizei o que a cegueira da revolta tinha anexado ao meu estado caótico de parvoíce! lembrei-me da pergunta do meu irmão que começou a ecoar na minha cabeça como o toque de um bombo desenfreado! POR TI E POR MIM? POR TI E POR MIM? POR TI E POR MIM? despedi-me com pressa e corri para casa... nunca a estrada me pareceu tão comprida.. quando cheguei encontrei-o onde ainda repousa...na minha cama..afaguei-lhe a face com cuidado e pensei... por NÓS! sentiu que eu hoje iria precisar de dormir abraçada a ele...de sentir que ele esta sempre comigo...eis a minha força... estava cega por não a ver...

2 comentários:

duarte disse...

é bom sentir que não estamos sós.
abraço ,linda.

Amaterasu, às vezes Aurora disse...

graças aos amigos nunca estou só :D