faz uma semana e pouco que Eva morreu.. a sua memoria ficou esquecida naquelas aguas. morava só, estava só. todos seguiram as suas vidas eliminando das conversas o seu nome, apagando os vestigios da sua passagem terrena, para nao a recordar. a imagem de Eva nao é mais que diversos momentos que o tempo rapidamente fez questao de esborratar tornando-os numa pintura abstracta feita pelas maos duma criança. de todos as vidas em que ela entrou tentando encontrar-se a si mesma, mas acabando sempre por destruir o ninho que a acolheu só uma sentiu verdadeiramente a sua falta..o Manuel.. o desgraçado que lhe deu o coração uma e outra vez, recolhendo-o quando ela o rasgava intempestivamente nos seus ataques de impulsividade desmedida, colanda-o com pequenas tiras de fita cola que nunca aguentavam a pressao que o desdém dela lhe retribuía. com a morte de Eva, o nosso martir do amor perdeu-se de novo no meio da escuridão dos seus pensamentos, perdeu-se sem nunca se ter chegado a encontrar.. quando o corpo inerte de Eva foi recolhido dos rochedos para onde o mar o enviou, um outro corpo precipitou-se num voo picado para o fim da dor.. Manuel pilotou a sua vontade para a meta evitada por alguns e ansiada por outros como o remedio para as maleitas do espirito..